‘Em política, nada se perde e nada se transforma " tudo se corrompe’
Esta e outras frases célebres da crônica nacional têm a assinatura de Milton Viola ...
Esta e outras frases célebres da crônica nacional têm a assinatura de Milton Viola Fernandes, o grande Millôr Fernandes (1923-2012), que ocupa a prateleira mais alta do jornalismo. Pois o carioca que fez de Ipanema seu quintal tem sua trajetória contada no livro "De Milton a Millôr: a trajetória de um jornalista ipanemense, pasquiniano e sem censura" (Appris), da historiadora Andréa Queiroz, cujo lançamento acontece hoje, no Cafezin Trem das Gerais, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. A obra é o resultado de dez anos de pesquisa que vai além da figura pública, apresentando desde o menino órfão do Méier até o intelectual que transformou humor em crítica e marcou a imprensa alternativa.
"Acredito que Millôr, ao lado de outros cronistas de sua geração, foi um dos grandes criadores da ‘Cultura do Carioquismo’, que apresentava o Rio de Janeiro como metonímia do Brasil, justamente num período em que a cidade era a capital federal", afirma a autora, que também detalha no livro a suposta invenção do jornalista: o frescobol (foto).
Millôr foi um jornalista artesanal, como define a Andréa. Aprendeu o ofício tendo começado na revista O Cruzeiro como contínuo, e assim foi conhecendo todo processo produtivo.
Não é possível ignorar, também outra grande invenção junto da patota d’O Pasquim, a chamada "República de Ipanema". Ele projetou em suas crônicas a sua Ipanema ideal, onde fez morada " o escritor virou escultura na orla do bairro " e deixou o seu legado, e que muitas vezes se contrastava com a realidade.
A autora aproveita para listar outras três frases marcantes do mestre:
"Livre pensar é pensar."
"Sou um carioca de algema. Não me vejo em outro lugar que não seja o Rio."
"Nós, os humoristas, temos bastante importância para ser presos e nenhuma para ser soltos."
Por falar em Millôr...
O mestre dizia que vivíamos no país do oximoro " expressões formadas por termos de sentidos opostos, como "o grito do silêncio". Costumava citar o exemplo da Escola Superior de Guerra: sendo de "guerra", não poderia ser "superior". É o caso do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que faz lobby contra o projeto que eleva a taxação da jogatina. Hoje, sendo "jogo", não poderia ser "responsável". Com todo respeito.