Do jacaré ao caboré, silva é a cara do brasil real

Cria da favela do Jacaré, a produtora Silva deve repassar R$ 2 milhões a comunidades este ano, com a contratação de profissionais pretos e periféricos para atuar, na frente e atrás das câmeras, em campanhas para grandes marcas como Twitter e Tembici & Itaú.
Ocupar territórios e fazer com que a publicidade rompa estereótipos faz parte da missão dessa pequena agência, que concorre com as grandes Play9, do youtuber Felipe Neto, e Santeria, de Felipe Luchi "uma das produtoras mais premiadas do país ", ao principal prêmio da publicidade brasileira, o Caboré. A Silva disputa na categoria Produtora, e os vencedores serão conhecidos no dia 7.
" Eles podem ter uma capacidade técnica maior. Mas temos muito orgulho da indicação, pois acreditamos que chegamos até aqui pelo nosso olhar, pela forma como trabalhamos o Brasil real " diz o sócio Alan Ferreiras. " E o que costumam chamar de diversidade, para nós é normalidade.
Ferreiras fundou a Silva há sete anos junto a Clariza Rosa, Renan Kvacek e Helena Gusmão. Originários do subúrbio carioca, os quatro foram bolsistas do ProUni, formados na PUC-Rio e na Veiga de Almeida. Eles começaram agenciando modelos negros para campanhas publicitárias e foram, aos poucos, conquistando trabalhos mais estratégicos junto às marcas.
No fim de 2020, a agência venceu uma concorrência do Twitter, contrato decisivo para a sobrevivência do negócio. O faturamento se multiplicou por dez em 2021, para R$ 3,5 milhões. Para este ano, a agência, que tem 20 funcionários pelo país, prevê crescer 25%.
Além da atuação como produtora e na comunicação estratégica, a Silva faz consultoria em letramento racial para empresas. Para o ano que vem, o plano é lançar um núcleo de festas populares, desenvolvendo projetos para conectar marcas e influenciadores do Brasil real em eventos como Parintins e Círio de Nazaré. Também está nos planos a abertura de um escritório em São Paulo.