Lojas leader troca de dono pela segunda vez em um ano
Alvo de pedidos de falência e despejo em série, amargando prejuízo multimilionário e ...
Alvo de pedidos de falência e despejo em série, amargando prejuízo multimilionário e "sobrevivendo" com apenas seis lojas abertas " contra mais de 160 há uma década ", a Leader está com novo dono. A troca ocorre no momento em que o próprio administrador judicial da varejista carioca declara em juízo que, na sua opinião, o melhor desfecho para o negócio é a falência.
A coluna apurou que empresários ligados ao pouco conhecido Mauá Bank, uma financeira, acabam de assumir o negócio em crise. Os sócios Renato Vaz Heringer e Marcio Margreife Lima já assinam como presidente e diretor da varejista, respectivamente. Não está claro se pagaram algo para assumir o negócio, mas observadores apostam que a transação deve ter envolvido um valor simbólico, diante do endividamento da Leader.
É a segunda mudança de controle no intervalo de um ano em uma companhia que está em recuperação judicial desde o início da pandemia, quando declarou dívida de R$ 1,1 bilhão.
Desde 2023, a Leader era tocada pelos sócios Marcos Antônio Lage e Eduardo Mendes Tavares, que assumiram após a saída do empresário André Peixoto da sociedade. Este era CEO da Leader quando, em 2020, comprou a varejista por R$ 1 mil das mãos de Fábio Carvalho.
Carvalho havia comprado a Leader por valor simbólico em 2016 e implementou primeiro uma recuperação extrajudicial. Pouco antes da pandemia, porém, entendeu que era inevitável reestruturar sua dívida financeira e partiu para uma recuperação judicial.
pedidos de falência
Mas isso não resolveu os problemas. E a varejista, cujas operações são praticamente 100% em lojas físicas, passou a sofrer concorrência de sites como Shein e Shopee.
Nesse período, as dívidas não pararam de crescer. A Leader foi fechando suas lojas, mas não pagava as rescisões, o que levou o Sindicato dos Comerciários do Rio a ajuizar ação coletiva no Ministério Público do Trabalho. Houve uma audiência na segunda-feira, mas as partes não chegaram a um acordo.
A própria Inova queixou-se à Justiça de que a Leader não paga seus honorários desde fevereiro, uma conta que já chega a R$ 947 mil.
Diante disso e dos inúmeros pedidos de falência registrados na Justiça contra a companhia, a Inova afirmou, em petição apresentada no último dia 24, à qual a coluna Capital teve acesso, que a Leader está em um "patamar insustentável." E conclui que a recuperação judicial deve ser convertida em falência: "a gravidade da conjuntura desembarca na necessária constatação ou decretação do estado de insolvência."
A companhia e outras partes do processo têm de se manifestar antes que o juiz tome qualquer decisão.
A coluna não conseguiu contato com a empresa para comentar sua situação financeira e a mudança societária.