Após 16 anos e prejuízo de r$ 14 bi, comperj vai começar a operar
Dezesseis anos e US$ 14 bilhões em prejuízos após o início das obras, a Petrobras concluiu ...
Dezesseis anos e US$ 14 bilhões em prejuízos após o início das obras, a Petrobras concluiu o que sobrou do Comperj, hoje com o nome de Polo GasLub Itaboraí. A petroleira recebeu na sexta-feira passada a autorização da ANP, a agência reguladora do setor, para receber na unidade gás natural produzido em campos do pré-sal. Está prevista para a próxima sexta-feira uma cerimônia de inauguração, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em vez do complexo petroquímico originalmente planejado, o empreendimento se dedicará apenas a processar o gás natural dos campos do pré-sal, trazido por um gasoduto de 355 quilômetros de extensão, a maior parte submarina, mas já tem ampliações a caminho. O primeiro plano de negócios da Petrobras sob o novo governo do PT incluiu novas refinarias no empreendimento " que deverá ter o nome novamente alterado, segundo apurou O GLOBO.
Mesmo com o escopo reduzido, a UPGN (unidade que processa o gás) e a Rota 3 (um dos trechos da rede de gasodutos submarinos que escoa a produção em alto-mar) terão o efeito de ampliar a oferta de gás no mercado nacional.
As estruturas têm capacidade para processar 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Em entrevista à Agência Estado na segunda-feira, a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, afirmou que esse volume supera as importações de gás feitas pela companhia, ou seja, o saldo final da entrada em operação do Polo GasLub será o aumento da oferta do insumo no país.
A Petrobras confirmou ao GLOBO o início do funcionamento da UPGN e informou que a operação comercial está prevista apenas para outubro.
As obras do projeto, que deveria atrair fábricas de plástico para Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, começaram em 2008, mas foram paralisadas em 2015. A construção do Comperj foi destaque entre os casos de corrupção envolvendo a Petrobras, revelados pela Operação Lava-Jato, a partir de março de 2014.
Desde 2008, a petroleira já contabilizou prejuízo de ao menos US$ 14 bilhões com o projeto. Entre 2017 e 2018, no governo Michel Temer, a Petrobras abandonou os planos de construir refinarias e encolheu o projeto.
ampliação à vista
Mesmo assim, a finalização da UPGN e da Rota 3 teve idas e vindas. As obras foram afetadas pela crise econômica causada pela Covid-19 e chegaram a ser novamente paralisadas, em 2022 " com direito a desavenças com as construtoras contratadas.
A possível participação do presidente Lula na inauguração reforça os planos de ampliar o empreendimento. O Plano Estratégico 2024-2028 da Petrobras, lançado em novembro passado, incluiu a construção de refinarias de diesel, de diesel renovável e de bioquerosene de aviação no GasLub.
Uma suposta lentidão na execução do plano de investimentos de US$ 102 bilhões foi tida como um dos estopins para a demissão de Jean Paul Prates, primeiro presidente da Petrobras no atual governo Lula.
Anunciada para o cargo em maio, Magda Chambriard assumiu em junho com a missão de acelerar obras, como as de ampliação do GasLub. Em maio, a Petrobras lançou a licitação para contratar a construção das novas refinarias.
A companhia também anunciou a intenção de construir no GasLub duas usinas termelétricas a gás natural. Somadas, teriam capacidade de 1,867 gigawatts (GW).