Jueves, 26 de Junio de 2025

Os brasileiros usam o strava de um jeito único no mundo

BrasilO Globo, Brasil 21 de junio de 2025

Entrevista

Entrevista
No Brasil para correr sua segunda maratona na vida " a do Rio, da qual o app Strava, que registra atividades esportivas, é parceiro oficial ", o executivo americano quer aproveitar o evento para entender melhor as especificidades do segundo maior mercado da empresa no mundo.
De acordo com Martin " que assumiu o Strava há um ano e meio, após passar por YouTube, Nike e Disney ", o usuário brasileiro é, de longe, o que mais usa as funcionalidades sociais do app, o que tem impactos reais na prática esportiva.
" O mundo seria melhor se todo mundo agisse como brasileiros no Strava " disse.
O senhor está vindo ao Brasil pela segunda vez em três meses. Por quê?
Além de ser incrível, o Brasil é nosso segundo maior mercado no mundo e um dos que mais crescem. É também um mercado com um comportamento único dentro do Strava. Cerca de 10% da população brasileira está na plataforma, mas a maneira como usam o app é diferente do restante do mundo.
Como?
Eles compartilham 60% mais atividades no Strava. E correm mais maratonas. Basicamente, o mundo seria melhor se todo mundo agisse como os brasileiros no Strava (risos). Seria mais ativo e mais social. Parte do meu objetivo ao voltar ao país repetidamente é entender melhor por que isso acontece aqui e o que podemos fazer em outros lugares.
Qual é a estratégia para gerar receitas por meio de atividades patrocinadas no Brasil?
Estamos apenas começando com isso no Brasil. Tenho conversado com várias marcas brasileiras, e elas demonstram muito interesse em se engajar com o app e com os brasileiros na plataforma. Ainda não temos um anúncio concreto, mas é uma área em que estamos focados e vamos avançar significativamente.
Qual é a taxa de crescimento?
A base de usuários avançou mais de 50% em 2024 e, no primeiro trimestre, a taxa superou 65%. E o Brasil cresce ainda mais rápido.
Vocês acabam de fazer uma rodada de investimentos que avaliou o Strava em US$ 2,2 bilhões. O que farão com esse dinheiro?
Fizemos a rodada (cujo valor captado não foi revelado) para realizar mais aquisições. Uma das primeiras que anunciamos foi a Runna, que usa IA para criar programas de treinamento de corrida. Também compramos a The Breakaway, outra empresa que usa IA, mas no treinamento de ciclismo. O mercado de treinamento é muito competitivo e exige excelência, daí a estratégia de aquisições.
Vocês vão oferecer esses serviços no Brasil?
Temos duas abordagens diferentes. O The Breakaway será integrado ao Strava como parte da assinatura e, assim, estará disponível no Brasil. Já o Runna é um app independente, que se conecta ao Strava por meio de uma API. Ele continuará sendo um app separado, mas integrado dessa forma. O Runna ainda não está localizado em português brasileiro, mas queremos expandi-lo para o mundo todo.
O Strava tem dois investidores brasileiros, Marc Lemann e Cesar Villares, da Go4it Capital. Eles influenciam sua estratégia aqui?
Com certeza. Falamos com frequência. Eles me ajudaram a entender melhor o mercado e dão suporte à operação local. Não são apenas investidores, mas parceiros estratégicos na tarefa de atender melhor o mercado brasileiro.
Remédios como o Ozempic vão mudar a cultura do exercício?
Vão mudar a forma como as pessoas pensam sobre condicionamento físico, mas não de uma forma que me preocupe. Esses medicamentos ajudam as pessoas a perder peso, mas não constroem massa muscular. Por isso, minha expectativa é que, à medida que mais pessoas começarem a tomar esses medicamentos, haja mais demanda por plataformas que as ajudem a se manter mais ativas e a desenvolver força e resistência cardiovascular.
Qual é a diferença nos hábitos esportivos entre Millennials e Geração Z?
A Geração Z é mais comprometida com seus objetivos do que os Millennials. Eles têm mais probabilidade de se preparar para um evento específico. Além disso, são muito mais motivados pela comunidade. Especificamente no Brasil, fizemos um relatório segundo o qual 56% dos usuários da Geração Z apontam as conexões sociais como a principal razão para usar o Strava. Isso os ajuda a serem mais ativos.
O bem-estar virou símbolo de status, mas cresce a percepção de que isso pode estar indo longe demais e que apps como Strava estimulam uma competitividade pouco saudável. Há até apps que criam estatísticas falsas. Como vocês lidam com isso?
Levamos isso muito a sério. Nossa missão é ajudar o mundo a ser mais ativo, não inautêntico. Por isso, gastamos muito tempo para assegurar que cada atividade no Strava seja verdadeira. Usamos IA para verificar se as atividades são genuínas. Recentemente, anunciamos que 2,4 milhões de atividades inautênticas foram removidas dos nossos rankings. Quem sobe atividade falsa pode ser banido.
Qual é a sua estratégia para IA?
Vemos enorme potencial para criar recursos de IA que usem dados do comportamento na plataforma para motivar os usuários. No ano passado, 40% dos recursos lançados tiveram alguma funcionalidade de IA. Lançamos, por exemplo, uma ferramenta de previsões de desempenho que estima em quanto tempo você fará um percurso.
A corrida de rua está bombando no Brasil. É uma tendência global?
Sim, mas é mais acentuada no Brasil. As pessoas estão buscando atividades para fazer com amigos. E a Geração Z é muito mais focada em bem-estar e saúde do que as gerações anteriores. Além disso, a corrida é democrática: só exige um par de tênis.
Michael Martin, CEO global do strava
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