Martes, 24 de Junio de 2025

Sob ameaça de novos ataques dos eua, irã rejeita ultimato de trump, que fala em ‘mudança de regime’

BrasilO Globo, Brasil 23 de junio de 2025

duelo netanyahu x khamenei

duelo netanyahu x khamenei
promessa de retaliação
Horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreender o mundo ao juntar-se à guerra de Israel contra o Irã e ordenar um poderoso ataque às instalações nucleares do país persa, com ameaças de ampliação da ofensiva se Teerã não voltar à mesa de negociações para pôr fim a seu programa atômico, as autoridades iranianas rejeitaram ontem o ultimato americano e prometeram responder à agressão, acusando Washington de "explodir a diplomacia". Em sinais ambíguos enviados a Teerã, altos funcionários do governo americano passaram a manhã assegurando que Washington não busca derrubar o governo iraniano, enquanto Trump disse no fim da tarde não descartar apoiar uma mudança de regime no país.
O bombardeio, na madrugada de ontem (noite de sábado no Brasil), atingiu três instalações cruciais e, segundo membros do governo dos EUA, "devastou" o programa nuclear do Irã. O ataque americano, realizado por ar e por mar e batizado de "Operação Martelo da Meia-noite", atingiu as instalações de Natanz, Isfahã e Fordow, mas ainda não se sabe a extensão dos estragos feitos.
pressão sobre teerã
Em pronunciamento à nação após os ataques, Trump disse que "ou haverá paz ou haverá tragédia ao Irã", confirmando que a ofensiva foi coordenada com Israel, que começou a bombardear instalações militares, civis e nucleares iranianas na sexta-feira retrasada sob acusação de que o programa nuclear do país tem fins bélicos, o que Teerã nega. Os EUA vinham negociando havia dois meses com o Irã, mas as conversas empacaram na questão do enriquecimento de urânio " que Teerã deseja manter em níveis reduzidos, mas Washington e Tel Aviv rejeitam frontalmente " e foram interrompidas pelos ataques israelenses.
" Se a paz não vier rapidamente, vamos continuar atacando, com precisão e velocidade " disse o presidente americano, que classificou os ataques como um "sucesso espetacular" que "obliterou" o programa nuclear iraniano.
Ontem, autoridades americanas se revezaram nos programas de entrevistas para manter a pressão sobre o Irã, mas ao mesmo tempo mandar sinais de que Washington não busca mudança de regime em Teerã " no que acabaram contrariados por Trump. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, exortou os iranianos a "buscarem a paz" para evitar novos ataques. O chefe do Pentágono disse, ainda, que a operação "não era sobre mudança de regime", destacando que a intervenção dos EUA na guerra de Israel com o país "não é ilimitada", mas acrescentou que isso não limitaria a capacidade americana de responder.
" O presidente autorizou uma operação de precisão para neutralizar as ameaças aos nossos interesses nacionais representadas pelo programa nuclear iraniano e pela autodefesa coletiva de nossas tropas e de nosso aliado Israel.
Por sua vez, o vice-presidente JD Vance afirmou que os ataques não significam que Washington está em guerra com a República Islâmica, mas, sim, "contra o programa nuclear do Irã". Ele afirmou que o que acontecerá a seguir "depende dos iranianos".
O vice-presidente não especificou quando Trump decidiu realizar o ataque " dois dias antes, o presidente tinha estabelecido um prazo de até duas semanas para tomar uma decisão "mas afirmou que ele optou por um ataque militar após chegar à conclusão de que o Irã não estava negociando de "boa-fé".
O secretário de Estado, Marco Rubio, também reiterou à Fox News que os EUA "não estão procurando uma guerra no Irã", mas, se o Irã retaliar, "será o pior erro que já cometeram".
fala na contramão
Ontem à tarde, no entanto, seguindo seu estilo ambíguo, Trump foi na contramão dos auxiliares e sugeriu em sua rede social Truth Social que mudança de regime pode, sim, estar na agenda de Washington. "Não é politicamente correto usar o termo Mudança de Regime", mas se o atual regime iraniano é incapaz de FAZER O IRÃ GRANDE DE NOVO, por que não haveria mudança de Regime??? MIGA", escreveu, fazendo alusão a seu slogan Maga (Faça os EUA grandes de novo, em tradução livre), trocando o "A" de América pelo "I" de Irã.
O governo do Irã rebateu as ameaças americanas e deixou claro que vai retaliar. O chanceler Abbas Araghchi afirmou em Istambul que os EUA e Israel "decidiram explodir a diplomacia" com os ataques.
" A República Islâmica do Irã continuará a defender seu território, sua soberania, sua segurança e seu povo por todos os meios necessários " disse. " Não há linha vermelha que eles não tenham cruzado. Eles cruzaram uma grande linha vermelha ao atacar instalações nucleares.
Araghchi afirmou ainda que Trump "traiu o Irã", com o qual estava em negociações nucleares, e "enganou seus próprios eleitores", após fazer campanha com a promessa de acabar com as guerras americanas para sempre. Já a Guarda Revolucionária, braço mais poderoso das Forças Armadas do país, afirmou no X que "agora a guerra começou para nós".
Por sua vez, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que ele e Trump "trouxeram paz por meio da força". Ontem, 30 caças israelenses continuaram a atacar dezenas de posições no Irã.
" Primeiro, vem a força. Depois, a paz. Isto marca um ponto de inflexão histórico que pode ajudar a conduzir o Oriente Médio e mais a um futuro de prosperidade e paz " disse o líder israelense.
‘deem uma chance à paz’
Em reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o secretário-geral, António Guterres, pediu que Irã e Israel, além de seus aliados, "deem uma chance à paz" e disse que o Oriente Médio "não pode suportar outro ciclo de destruição".
" Nós corremos agora o risco de cair num turbilhão de retaliações. Para evitar isso, a diplomacia deve prevalecer. Os civis devem ser protegidos. A navegação marítima segura deve ser garantida " disse Guterres, em aparente referência à ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz,
Em nota, o Centro Nacional de Segurança Nuclear do Irã disse que não foram registrados vazamentos após o ataque a Fordow. Já a Agência Internacional de Energia Atômica convocou uma reunião de emergência.
Os ataques dos EUA envolveram mais de 100 aeronaves, um submarino e dezenas de munições de precisão, incluindo 14 bombas fura-bunkers de 13.600kg, um artefato exclusivo das Forças Armadas americanas nunca antes utilizadas. Sete bombardeiros B-2 foram usados, numa operação que envolveu o envio de uma esquadrilha em direção oposta para despistar o Irã. Fordow, o alvo principal, a 90m de profundidade, foi atingida por 12 bombas fura-bunker, e Natanz, por duas.
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