Justiça do df aceita denúncia contra bruno henrique, do flamengo, por fraude esportiva
no banco dos réus
no banco dos réus
A Justiça do Distrito Federal aceitou denúncia do Ministério Público e tornou réus, por suposta fraude em competição esportiva, o atacante do Flamengo Bruno Henrique e o irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, na noite de ontem. A decisão é do juiz Fernando Brandini Barbagalo, da 7ª Vara Criminal do DF.
No mesmo despacho, o magistrado rejeitou tornar os dois irmãos réus por estelionato e negou definir medidas cautelares até uma decisão definitiva, como a aplicação de fiança de R$ 2 milhões ou a retenção dos passaportes. O juiz também rejeitou a denúncia contra as outras oito pessoas denunciadas, dentre elas a cunhada e a prima do atacante, Ludymilla Araujo e Poliana Nunes, respectivamente.
O Ministério Público acusa o jogador de ter compartilhado informação antecipada sobre o recebimento de um cartão amarelo na partida contra o Santos, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023. Isso teria beneficiado o irmão em uma aposta esportiva.
"A investigação policial apresentou elementos que indicam que o denunciado Bruno Henrique, de forma deliberada, teria atuado de forma intencional de modo a ser punido com cartão na partida questionada, e que Wander Nunes teria contribuído para a ação do irmão ao incentivá-lo a agir de tal maneira, objetivando angariar com isso alguma vantagem financeira", afirma a decisão.
Pena de até seis anos
A Lei Geral do Esporte estabelece como crime "fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado". Foi com base nesse dispositivo que Bruno Henrique e o irmão tornaram-se réus. A pena é de prisão de dois a seis anos e multa.
Os réus e o MP podem recorrer. Além disso, quando forem citados formalmente, Bruno e Wander terão dez dias para apresentar defesa. Não há data para o julgamento final.
Procuradas, as defesas dos dois não se manifestaram.
O novo capítulo do processo criminal não impede que o atacante continue jogando. Isso cabe à Justiça Esportiva. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tem em mãos o inquérito produzido pela Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal. No dia 29 de maio, o jogador prestou depoimento ao STJD por meio de sessão online.
Relembre o caso
A investigação da Polícia Federal descobriu que, no dia 29 de agosto de 2023, 64 dias antes da partida contra o Santos, Wander enviou mensagens a Bruno pedindo para ser avisado quando o "pessoal mandar" tomar um cartão amarelo. "Contra o Santos", respondeu o atacante. "Já vou guardar o dinheiro. Investimento com sucesso", escreveu o irmão.
Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2023, véspera e dia do jogo, familiares de Bruno Henrique e os demais envolvidos fizeram movimentações atípicas pelo cartão amarelo. Os valores apostados, a concentração em Belo Horizonte (cidade natal do atleta), a criação de novas contas e o comportamento fora do padrão de apostadores habituais chamaram a atenção. No dia seguinte, três empresas de apostas esportivas emitiram alertas formais de volume anormal de apostas envolvendo o cartão amarelo de Bruno Henrique.