Milei sofre derrota contundente em eleições provinciais de buenos aires

Resultados preliminares das eleições regionais na província argentina de Buenos Aires revelaram uma vitória contundente do peronismo, hoje na oposição, e um desempenho aquém do esperado dos aliados do presidente Javier Milei. Apesar de ser uma votação para o Legislativo provincial, ela era acompanhada com atenção pelo número de eleitores envolvidos, e pela proximidade das eleições para o Congresso, no mês que vem.
Com pouco mais de 80% dos votos apurados, o bloco Força Pátria, liderado pelos kirchneristas, recebeu quase 47% dos votos e venceu em seis das oito zonas eleitorais " a lista inclui a Quarta Zona, onde o bloco não vencia havia cerca de duas décadas, e onde há quatro anos havia sofrido uma derrota por 16 pontos percentuais de diferença.
"Hoje, o povo de Buenos Aires enviou uma mensagem clara ao governo nacional. Sem gestão, não há futuro. Nossa sociedade não quer mais gritaria, quer ação", afirmou, em mensagem no X, o governador da província de Córdoba, Martin Llayora, do Partido Judicialista, a histórica sigla do peronismo.
Pouco antes da declaração dos resultados preliminares, a ex-presidente Cristina Kirchner, hoje em prisão domiciliar após confirmação de condenação por corrupção e de seis anos de pena, apareceu na sacada de sua residência em Buenos Aires e foi saudada por centenas de apoiadores. Em sua conta na rede social X, ela disse para que Milei "saia da bolha", e para que o presidente "pare de culpar" os governos kirchneristas pela crise econômica.
Para o atual chefe de Estado, a noite de domingo foi mais difícil do que se podia prever. Os resultados preliminares mostraram que o Liberdade Avança, seu partido, obteve 33% dos votos com maioria em apenas duas das oito zonas, uma lista que não inclui as duas mais importantes da província, ambas conquistadas pelos peronistas. Antes da divulgação dos números, alguns aliados afirmavam que a derrota era uma possibilidade real, mas estimavam uma diferença menor, em torno de cinco pontos percentuais.
escândalo karina
Além de questões econômicas e dificuldades evidentes no Legislativo, citadas por Cristina e que levaram a derrotas importantes do presidente, como a inédita derrubada de um veto a um projeto de lei sobre auxílios a pessoas com necessidades especiais, um escândalo envolvendo sua irmã, Karina, teve impacto sensível nas urnas.
No mês passado, foram divulgados áudios sobre um suposto esquema de subornos na Agência Nacional de Deficiência, envolvendo diretamente Karina Milei " segundo a denúncia, ela receberia em torno de 3% do total de propinas pagas por empresas para que pudessem vender medicamentos para a rede pública. Ontem, muitos eleitores escreveram "3%" em suas cédulas de votação, como sinal de protesto.
As eleições serviram para renovar 48 deputados e 23 senadores do Legislativo da província de Buenos Aires, que não inclui a capital, Buenos Aires, mas que, com mais de 14 milhões de eleitores, era vista como um termômetro para a disputa pelo controle do Congresso argentino, em 26 de outubro.