Instagram vai limitar conteúdo por meio de classificação etária
Em meio à crescente preocupação sobre o efeito das redes sociais sobre crianças e adolescentes, o ...
Em meio à crescente preocupação sobre o efeito das redes sociais sobre crianças e adolescentes, o Instagram está intensficando o controle sobre o que os jovens podem ver na plataforma. A rede social, que pertence à Meta (que também é dona de Facebook, Threads e WhatsApp), anunciou que começará a limitar o conteúdo que seus usuários adolescentes podem acessar, com base num sistema de classificação etária que traz restrições para menores.
Procurada pelo GLOBO, a empresa informou que as novas configurações de conteúdo começaram a ser implementadas gradualmente na terça-feira nas contas de adolescentes de Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá, e devem estar totalmente disponíveis nesses países até o fim do ano. No Brasil, assim como no restante do mundo, o recurso só deve chegar em 2026.
O sistema que será usado pela rede social é o mesmo elaborado pela Motion Picture Association (MPA), organização americana que representa os principais estúdios de cinema de Hollywood. Ela é conhecida, principalmente, por ser responsável pelo sistema de classificação indicativa de filmes nos Estados Unidos.
O Instagram vai usar o Parental Guidance Suggested (algo como Guia de recomendações para pais, em tradução livre) para menores, conhecido como PG-13. Há cinco categorias de classificação desenvolvidas pela MPA, que levam em conta critérios como cenas de sexo, violência, drogas e diálogos com palavrões para decidir se o conteúdo é próprio ou não para cada público e idade. No Brasil, porém, a empresa não soube informar se seguirá a classificação PG-13 ou as diretrizes nacionais.
Mais fácil para os pais
Ao escolher o padrão PG-13, o Instagram busca tornar sua nova política mais compreensível para os pais, disse Max Eulenstein, chefe de gerenciamento de produto do Instagram. Filmes com classificação PG-13 geralmente contêm alguns palavrões, violência moderada e nudez parcial, embora a Meta tenha afirmado que não recomendará conteúdo com nudez para usuários adolescentes.
" Nosso principal guia na experiência dos adolescentes são os pais e o que eles nos dizem que querem para seus filhos. Foi isso que levou a essa mudança e ao foco no padrão PG-13 " disse Eulenstein em entrevista.
A Meta há muito tempo é alvo de críticas e preocupações sobre como seus aplicativos afetam a saúde mental de crianças e adolescentes, e promete proteger menores de conteúdo inapropriado desde 2008. Mark Zuckerberg, CEO da empresa, já foi duramente questionado por parlamentares nos Estados Unidos sobre questões de segurança infantil nas redes sociais da Meta. A companhia enfrenta processos judiciais em tribunais estaduais e federais que a acusam de prejudicar jovens com um produto viciante.
O Instagram possui centenas de milhões de usuários adolescentes no mundo, e as novas medidas representam sua atualização mais significativa em moderação de conteúdo para esse público desde a reformulação da política em 2024, segundo Eulenstein.
Como parte das mudanças anteriores, as contas de menores de 18 anos passaram a ser privadas por padrão, o que significa que apenas seguidores aprovados poderiam ver suas postagens. No Brasil, essa mudança chegou em fevereiro deste ano.
Algoritmo com filtro
As alterações de segurança implementadas no ano passado limitaram o material que poderia ser exibido no feed dos adolescentes. Agora, as mudanças anunciadas nesta semana dificultarão que adolescentes busquem ativamente conteúdo adulto e os impedirão de interagir com certas contas. O aplicativo também introduzirá uma configuração chamada "Conteúdo Limitado", que os pais poderão ativar e que será mais restritiva do que o padrão PG-13.
As novas regras também representam uma das primeiras grandes atualizações de segurança da Meta voltadas para robôs virtuais (chatbots) de inteligência artificial (IA), que estão sendo criticados por interações prejudiciais com alguns usuários.
No Instagram, a empresa oferece "personagens de IA" " chatbots com personalidades fictícias com os quais os usuários podem conversar como se fossem contas de humanos. A Meta afirmou que esses chatbots não darão respostas inadequadas para a idade do usuário. Ele não poderá dizer coisas que não estariam de acordo com um filme classificado como PG-13, por exemplo.
A nova política, que será implementada até o final do ano nos Estados Unidos, também será aplicada às conversas com os chatbots de inteligência artificial da Meta em outros aplicativos, como Facebook e WhatsApp. Chatbots de IA são investigados por parlamentares americanos devido a denúncias de diálogos inapropriados com crianças.
No Brasil, em agosto, o Congresso criou um Estatuto Digital da Criança e do Adolescente ao aprovar um projeto de lei que combate a chamada adultização de menores na internet. A intenção é proteger crianças e adolescentes no uso de aplicativos, redes sociais e jogos eletrônicos. Entre outras medidas, a legislação obriga que as redes sociais garantam a vinculação de perfis de menores de 16 anos a um responsável e a remoção de conteúdo considerado abusivo para esse público. Também proíbe a verificação de idade por autodeclaração. As empresas terão de encontrar formas de assegurar a idade dos usuários. Entra em vigor no início de 2026.