Alckmin quer tirar mais bens do tarifaço dos eua
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou ontem que o próximo passo das negociações ...
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou ontem que o próximo passo das negociações comerciais com os Estados Unidos será excluir mais produtos do tarifaço ou reduzir as alíquotas de até 50% sobre produtos exportados pelo Brasil para a maior economia do mundo. Alckmin, que também é ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reiterou que o principal desafio será livrar os produtos manufaturados da medida. Máquinas, motores, madeira e até itens alimentares, como o mel, foram citados pelo vice-presidente.
" Os EUA são o maior investidor no Brasil e o terceiro maior parceiro comercial " disse Alckmin, em discurso, por videoconferência, durante encontro promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) em São Paulo. " Eles representam 80% da sua importação em manufaturas, produtos industriais de mais alta tecnologia, então são extremamente importantes. A orientação do presidente Lula, desde o início, foi diálogo e negociação.
Segundo Alckmin, no primeiro decreto dos Estados Unidos que teve o Brasil como alvo, publicado no fim de julho, 36% das exportações brasileiras estavam submetidas às sobretaxas " 10% de "tarifas recíprocas", desde abril, e mais 40%, totalizando 50%. Depois da isenção para produtos como carne e café, determinada semana passada, essa parcela caiu para 22%.
Alckmin avaliou que o avanço ocorreu após conversas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump " primeiro por telefone, depois, presencialmente, na Malásia. O cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Kevin Murakami, concordou.
‘era de ouro’, diz cônsul
Segundo Murakami, também no evento, há dois meses, quando chegou ao Brasil, a relação bilateral entre os dois países estava "em um ponto crítico", mas que o encontro entre Lula e Trump já produziu algum alívio, embora ainda haja "muitas diferenças bilaterais a resolver".
" Estou em São Paulo com uma tarefa primordial: apoiar o objetivo do governo Trump de inaugurar uma era de ouro entre os Estados Unidos e o Brasil " afirmou Murakami.
Apesar do otimismo do cônsul americano, o Itamaraty ainda está estudando os caminhos para a negociação com Washington. Segundo o diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Pimentel, como não há um pedido específico dos EUA na negociação, o Brasil está mapeando "todos os acordos" já firmados pela Casa Branca com outros países, para identificar elementos aplicáveis ao caso brasileiro. A dificuldades, disse Pimentel, é que poucos países têm déficit comercial com os EUA. Apenas dois que têm superávit na relação negociaram acordos recentes: o Reino Unido, em um modelo "bastante diferenciado", e a Argentina, em um acordo ainda sem detalhes, em fase inicial e em "condições muito especiais", com apoio financeiro e um conjunto de ações específicas.
" A gente fica vendo quais desses se enquadram melhor no que o Brasil precisa e no que o Brasil pode esperar " afirmou Pimentel.
Enquanto um acordo final não aparece no horizonte, o presidente da Amcham, Abrão Neto, comemorou os alívios recentes nas sobretaxas dos EUA:
" A eliminação da sobretaxa de 50% para mais de 200 produtos da agroindústria brasileira trouxe alívio a setores que exportam cerca de US$ 4 bilhões para os EUA. Mas ainda há bastante trabalho pela frente, já que parte importante das exportações brasileiras continua sujeita a sobretaxas, sobretudo no setor industrial. Esses impactos afetam não só o comércio, mas a previsibilidade dos negócios bilaterais.