Saf é obrigada a notificar associativo antes de vendas

Em decisão do desembargador Marcelo Almeida de Moraes Marinho, da 21ª Câmara de Direito Privado, a Justiça do Rio determinou, na tarde de ontem, que a SAF do Botafogo deve comunicar a ala associativa do alvinegro antes de concretizar qualquer venda de ativo, o que inclui jogadores do elenco principal. A decisão é uma vitória parcial, mas importante, em relação ao pleito realizado pelo clube social na figura do presidente João Paulo Magalhães Lins na última terça-feira.
Por outro lado, os outros dois pedidos do associativo, de que a Justiça nomeasse um observador dentro da SAF e de que obrigasse a Eagle Football Holdings a pagar R$ 155 milhões ao clube-empresa, foram negados. Ainda assim, é fato que a obrigação da comunicação da venda de jogadores dá ao associativo uma participação inédita no futebol do alvinegro desde que se tornou SAF.
Sem se manifestar sobre a decisão judicial, a ala social do alvinegro afirmou que "o diálogo com a SAF é permanente e voltado à construção das melhores soluções para os torcedores do Botafogo".
O objetivo da ala associativa do Botafogo e do presidente João Paulo Magalhães Lins é ter acesso maior aos cofres da SAF e às negociações de jogadores. Houve, nos últimos dias, um rumor de que John Textor planejava vender atletas do elenco principal para um clube inglês que estaria negociando para comprar e integrar em sua rede multiclubes. Em nota publicada posteriormente, a SAF negou que existam tais tratativas em andamento.
A decisão da Justiça do Rio de Janeiro chega na pior fase da relação entre John Textor e João Paulo Magalhães Lins. Tanto é que, nos últimos dias, é Thairo Arruda, CEO da SAF, quem tem centralizado as tratativas com o presidente do clube social.
Uma fonte da diretoria da SAF do Botafogo ouvida pelo GLOBO alegou que a medida terá pouco impacto no prosseguimento do planejamento para a próxima temporada. Há o entendimento de que essa regra de notificação acabará assim que o processo for encerrado, e a expectativa é de que isso aconteça logo.
Por outro lado, uma fonte do associativo procurada pela reportagem indicou que há a expectativa de que a ala social do Botafogo e a SAF façam um ajuste de conduta nos acontecimentos do dia a dia.