Lunes, 01 de Diciembre de 2025

Empréstimo dos correios deve ter custo elevado

BrasilO Globo, Brasil 1 de diciembre de 2025

Afundados em uma crise econômico-financeira sem precedentes, os Correios podem estar muito ...

Afundados em uma crise econômico-financeira sem precedentes, os Correios podem estar muito perto de conseguir tomar um empréstimo emergencial de R$ 20 bilhões junto a um sindicato de bancos, com o aval do Tesouro Nacional e a União como avalista, mas o custo considerado elevado do crédito " ainda desconhecido oficialmente até ontem " provoca dúvidas entre os analistas sobre a viabilidade da operação, capacidade de pagamento dos Correios e a transparência dos números.
No sábado, o Conselho de Administração da estatal aprovou a tomada do empréstimo após analisar as propostas de um conjunto de bancos formado por Banco do Brasil (BB), Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. Para ser efetivada, a contratação da operação de crédito precisa ter aval do Tesouro, já que o empréstimo prevê a garantia da União junto às instituições financeiras envolvidas.
Segundo confirmou o Valor, a Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União estuda uma alteração no decreto 12.500/2025 para permitir que a União ofereça garantia ao empréstimo de R$ 20 bilhões criando um tratamento jurídico específico, que permitiria a garantia mesmo em operação com taxa acima do teto de 120% do CDI fixado usualmente pelo Tesouro.
O Comitê de Garantias do Tesouro Nacional usa o teto de 120% do CDI como referência para operações elegíveis à garantia da União. O percentual não é obrigatório, mas funciona como parâmetro para evitar custos elevados.
TAXA PERTO DE 136% DO CDI
Segundo informações de interlocutores a par das negociações, a taxa de juros proposta agora pelos bancos ficou levemente abaixo da oferta inicial negociada há alguns meses " de 136% do CDI ", mas próxima desse patamar. No entanto, os bancos flexibilizaram exigências adicionais consideradas atípicas para operações com garantia soberana, como lucro mínimo e recebíveis futuros.
Na avaliação do economista Gilberto Braga, do Ibmec, a contratação do empréstimo é inevitável diante do risco de paralisação das operações dos Correios por falta de recursos. Ele ressalta, porém, que falta transparência por parte da estatal sobre as condições da dívida que pretende assumir. Para Braga, embora os Correios não tenham as mesmas obrigações de divulgação exigidas de empresas listadas em Bolsa, seria boa prática de governança tornar públicas as condições negociadas:
" Sendo um empréstimo que tem aval governamental, o ideal é que essas taxas fossem menores. Entretanto, a gente não sabe justamente por que não houve a revelação das condições. A desculpa de que é necessário esperar as aprovações formais dos demais órgãos, do TCU e das instâncias governamentais, isso formalmente é necessário, mas não impede que as condições sejam divulgadas porque elas já foram negociadas com o grupo de bancos que está emprestando.
O economista diz que o aporte resolve o "curtíssimo prazo, só apaga o incêndio":
" É preciso agora fazer o rescaldo da companhia, discutir a reestruturação e qual é o novo posicionamento empresarial.
Segundo Claudio Felisoni, professor da FIA Business School, o aval do Tesouro é a única medida que pode evitar a falência da estatal, protegendo os empregos e garantindo a continuidade dos serviços.
" Se bem aplicada, pode suscitar a reestruturação necessária dos Correios, tornando-os mais eficientes a médio e longo prazos " disse ele.
Felisoni ressalva, porém, que um aspecto negativo da medida é que ela pode esconder as necessidades de mudanças estruturais de que a empresa carece há muito tempo. O analista cita o possível impacto sobre o déficit público, caso os Correios não consigam fazer a reestruturação e pagar a dívida.
" Aí quem vai ter que pagar a dívida é o Tesouro. A garantia da União, sem dúvida, dá um conforto aos técnicos, que eventualmente poderiam ser considerados coniventes com uma situação inadequada, mas não elimina completamente a responsabilidade.
CLAREZA
Felisoni diz que é importante que haja clareza no processo de reestruturação.
" As metas, sem mecanismos claros de monitoramento, não são efetivas. É preciso haver estratégias definidas, pensando em quais iniciativas seriam tomadas mesmo nos cenários menos favoráveis. E é importante que haja transparência e prestação de contas. Afinal, são recursos públicos que vão ser aportados nesse processo de reorganização.
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