Centro da cidade volta a pulsar com força renovada

O coração do Rio de Janeiro está redescobrindo seu ritmo. Impulsionado por novas políticas públicas e pelo entu-siasmo do mercado imobiliário, o Centro da cidade ganha fôlego novo com projetos residenciais, incentivos legais e uma infraestrutura que já é referência. O resultado é uma transformação concreta no perfil da região, que volta a atrair investidores e novos moradores.
No cerne dessa mudan-ça está o programa Reviver Centro, lançado pela Prefeitura do Rio em 2021 e ampliado em 2023. O conjunto de leis e ações trouxe estímulos inéditos para o desenvolvimento de moradias, permitindo que construtoras transfiram parte do potencial construtivo de empreendimentos do Centro para outras áreas da cidade " um mecanismo inovador que despertou o interesse do setor.
" Desde a sanção do Reviver Centro 1, já foram lançados 17 projetos na região, somando mais de três mil unidades residenciais, o que deve dobrar o número de moradores até o fim de 2026. O Centro reúne transporte público de mas- sa, cultura, lazer e serviços, características que fazem da região um lugar para viver, trabalhar e estudar a poucos minutos de distância " destaca o presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin.
A mobilidade é, de fato, um dos maiores trunfos do Centro. Metrô, trem, VLT, barcas, BRT e linhas intermunicipais e interesta- duais compõem uma malha de transporte rara até mesmo entre grandes metrópoles. Somada à oferta cultural, gastronômica e comercial, essa conectividade tem mudado a percepção sobre a região " an- tes vista apenas como território de escritórios e comércio e, agora, cada vez mais reconhecida como um lugar para se viver.
MERCADO EM EBULIÇÃO
Do lado do mercado imobiliário, os números comprovam esse aquecimento. Diretor da Sergio Castro Imóveis, Claudio Castro ressalta que os lançamentos têm registrado velocidade recorde de vendas e forte interesse de investidores.
" Cerca de 35% dos compradores hoje são investidores. Os estúdios lideram a procura, seguidos pelos apartamentos compactos de dois quartos, que já estão cada vez mais escassos " observa.
O otimismo é compartilhado pelo vice-presidente Comercial da Cury, Leonardo Mesquita. Somando os empreendimentos no Centro e no Porto Maravilha, a construtora já lançou 20 projetos, totalizando 13 mil unidades. O mais recente, batizado de Farol da Guanabara, acaba de chegar ao mercado.
" Por todas as facilidades, o Centro se tornou extremamente atraente para a classe média que deseja migrar da Zona Norte, da Baixada ou de São Gonçalo, por exemplo. É possível viver em um apartamento com vista privile-giada e ampla oferta de transporte, sem pagar os preços das áreas mais caras da cidade " ressalta.
No Porto Maravilha, a valorização é clara. Imóveis que há poucos anos eram vendidos por R$ 7,5 mil o metro quadrado hoje podem valer R$ 11 mil, reflexo direto da alta demanda. Muitos compradores chegam atraídos por valores mais acessíveis, segurança reforçada e a conveniência de morar perto do trabalho.
A expectativa para 2026 é de que o ritmo de lançamentos se mantenha intenso, mas há desafios no horizonte. O estoque de terrenos e prédios com um único proprietário começa a se esgotar. Em breve, será necessário lidar com imóveis de múltiplos donos, o que tende a tornar as negociações mais complexas.
Mesmo assim, a confiança permanece. Construtoras e investidores apostam que a retomada da vida residencial trará vitalidade às ruas e ao comércio local, impulsionando uma nova economia urbana. O Centro começa a se redesenhar como um bairro multifacetado " não mais apenas o coração administrativo do Rio, mas um território vivo, diverso e pronto para ser habitado.