Presidente do equador quer bases estrangeiras nas galápagos

O presidente do Equador, Daniel Noboa, defendeu ontem a instalação de bases estrangeiras nas Ilhas Galápagos, declaradas Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e área de proteção ambiental. Segundo Noboa, as instalações não seriam necessariamente militares, teriam como principal alvo o combate ao narcotráfico e à pesca ilegal, e sua presença não seria uma forma de "entregar" a soberania do país. A proposta é uma das que serão votadas pela população em um referendo previsto para o mês que vem.
" A primeira coisa que essa base faria seria controlar a pesca ilegal, depois o tráfico de drogas, toda a rota do Pacífico " disse Noboa, em entrevista à Rádio Centro do Equador. " Isto não é para prejudicar as Galápagos ou doar as Galápagos, é para proteger as Galápagos.
parada de abastecimento
O presidente apontou duas das ilhas do arquipélago " Baltra e Salinas " como localizações ideais para as instalações. No caso de Salinas, citou a infraestrutura já existente e sua localização "privilegiada", afirmando que dali "é possível controlar não só o tráfico de drogas, mas também a pesca ilegal e os esquemas mafiosos utilizados naquela área". Em Baltra, citou a possibilidade de ações contra o narcotráfico e o tráfico de combustíveis, e mencionou benefícios à população local.
" Há pessoas pobres que precisam de ajuda, apoio, segurança e paz de espírito. Eu sou o presidente dessas pessoas " disse Noboa.
Nos últimos anos, os cartéis do narcotráfico do Equador começaram a intensificar sua presença nas mais de 100 ilhas do arquipélago de Galápagos. O isolamento permite que embarcações que rumam para os EUA e o México abasteçam antes de seguir viagem, e as áreas de proteção, onde praticamente não há presença humana, servem como depósitos de entorpecentes. As apreensões anunciadas pelas autoridades são na casa das toneladas, especialmente de cocaína, além de combustíveis levados de maneira irregular às ilhas.
Citada por Noboa, a pesca ilegal nas áreas costeiras das Galápagos causa prejuízos econômicos à indústria pesqueira equatoriana e já ameaça a fauna marinha da região.
" Atualmente, temos muita pesca ilegal chinesa no mundo. Não é algo sancionado pelo governo chinês; são pescadores ilegais que se deslocam e vão para Galápagos para pescar ilegalmente, afetando os ecossistemas " disse o presidente à Rádio Centro.
A fala do presidente ocorre em meio a uma operação militar de grande porte dos EUA no Caribe, oficialmente voltada ao combate ao narcotráfico, e que destruiu 13 barcos supostamente usados para o transporte de drogas no Caribe e no Pacífico, deixando 57 mortos desde o mês passado. Noboa apoia a operação militar no Caribe e tem pressionado pela aprovação, no referendo do dia 16 de novembro, da proposta que abre caminho para a presença de bases estrangeiras em solo equatoriano, proibida em 2008.
Desde 2019, os EUA já podem usar uma pista na Ilha de São Cristovão, no Caribe, e o governo equatoriano parece interessado em uma maior presença americana em seu território.