Aerofla tem invasão de ônibus, festa e caos no fim

Os milhares de torcedores do Flamengo que foram se despedir do elenco antes do embarque rumo a Lima, Peru, onde o time disputa a final da Libertadores contra o Palmeiras no sábado, viveram extremos. O já tradicional AeroFla teve a loucura da paixão rubro-negra e terminou com a tensão de uma infeliz confusão.
Antes do embarque, no terminal de cargas do Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, grupos de torcedores cercaram o caminho que os ônibus do comboio do clube percorreriam. Os veículos foram seguidos por motos ornamentadas.
Minutos depois de os ônibus chegarem, cerca de 50 torcedores já estavam em cima de cada um.
Alguns chegaram a invadir o veículo que levava o elenco pelas saídas de ventilação nos tetos, momento registrado pelos atletas em vídeos nas redes sociais: "Invadiram o ônibus pelo teto. Só bora hahaha", escreveu o zagueiro Léo Pereira.
O Flamengo, que esteve em Belo Horizonte na terça-feira, para enfrentar o Atlético-MG, em empate que adiou a conquista do título do Brasileirão, fez questão de ter um último contato com a torcida antes da final da Libertadores e voltou ao Rio.
Em várias faixas, torcedores exibiram o lema "ninguém morre nos devendo", uma referência à final de 2021, na qual o Palmeiras venceu o rubro-negro.
Entre os presentes estavam moradores da capital e de municípios vizinhos, de regiões como a Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo. Até rubro-negros de outros estados prestigiaram.
" A energia é a melhor possível. Já é o terceiro AeroFla que a gente vem. Na expectativa de dar tudo certo, é a nossa revanche. Ninguém morre devendo a gente. Vamos atrás deles, vamos ser campeões, se Deus quiser " animou-se Jonathan Lima, de 32 anos, que veio do Andaraí.
confusão na dispersão
O clima de festa e de cantoria chegou até perto da entrada do terminal, quando começou a dispersão. Os torcedores até desceram de cima dos ônibus, mas houve ação da Polícia Militar, que utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha.
A confusão evoluiu para um conflito em vários pontos da Ponte Velha. Torcedores devolveram os tiros de borracha arremessando pedras. Foram cerca de 30 minutos de tensão até que o clima se estabilizasse.
O GLOBO chegou a flagrar um torcedor com uma camisa ensanguentada. "Tem que fazer isso é com traficante", bradava o homem, que se afastou rapidamente do foco da confusão e não chegou a se identificar. A reportagem também chegou a observar pelo menos mais um rubro-negro caído sendo protegido por amigos próximo à Ponte Velha, que afirmavam que ele havia sido atingido por uma bala de borracha.
A confusão, que evoluiu rapidamente e durou cerca de 30 minutos, também deixou famílias assustadas. Muitos tentavam proteger as crianças, que choravam assustadas com o tumulto. Uma mulher chegou a desmaiar.
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que agentes do Recom e do Bepe usaram instrumentos de menor potencial ofensivo "para conter torcedores que impediam a entrada do ônibus da delegação do Flamengo no Aeroporto Internacional Tom Jobim e para garantir o acesso à área restrita destinada à delegação".
Lema presente
A polícia afirma ainda que houve um cordão de isolamento entre agentes e a segurança privada do clube para garantir a passagem dos ônibus, mas alega que os policiais foram atacados por torcedores. "Diante dessa situação, tornou-se necessário que as tropas especializadas utilizassem os meios adequados para garantir a segurança e a integridade física da delegação, dos demais torcedores e dos próprios policiais", completou a PMERJ.
Cenas tristes em um evento tão importante para a história do rubro-negro, que busca o tetra da América.